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Diébédo Francis Kéré, mais conhecido como Francis Kéré,venceu o Prêmio Pritzker de Arquitetura. Reconhecido por “empoderar e transformar comunidades através do processo da arquitetura”, ele é uma referência no uso de materiais locais para a construção de obras contemporâneas, em países marcados por adversidades. O valor de sua obra ultrapassa a própria estrutura e transforma o futuro de comunidades inteiras.
Escola Primária de Gando, projeto vencedor do Prêmio Aga Khan Escola Primária de Gando, projeto vencedor do Prêmio Aga Khan
Nascido em 1965, em Gando (Burkina Faso, país africano com a maior taxa de analfabetismo do mundo), ele foi radicado em Berlim (Alemanha), levando suas raízes para cada um de seus projetos. Filho mais velho do chefe da aldeia e o primeiro da comunidade a frequentar a escola, as primeiras experiências de arquitetura de que se lembra estão associadas à sua sala de aula de infância, que não tinha ventilação nem luz natural, e ao espaço pouco iluminado, mas seguro, onde sua avó lhe contava histórias.
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Ao se mudar em 1985 para Berlim, pois ganhou uma bolsa de estudos de carpintaria, aprendeu a fazer telhados e móveis durante o dia, enquanto assistia às aulas à noite. Recebeu uma bolsa de estudos para frequentar a Technische Universität Berlin (Berlim, Alemanha) em 1995, graduando-se em 2004.
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Através de edifícios que demonstram beleza, modéstia, ousadia e inovação, Kéré vai além dos limites do campo disciplinar, atuando para mudar paradigmas e proporcionar uma qualidade de vida melhor a inúmeras pessoas. Quando ainda estava na faculdade, em 1998, criou a Fundação Kéré para arrecadar fundos e defender o direito das crianças de terem uma sala de aula confortável. Seu primeiro edifício foi a Escola Primária de Gando, de 2001, erguido por e para os moradores locais, que construíram cada parte da edificação à mão. Esse projeto lhe rendeu o Prêmio Aga Khan de Arquitetura em 2004, levando-o a abrir o seu próprio escritório em Berlim.
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Após esse projeto, outras obras de ensino e saúde foram realizadas em Burkina Faso, Quênia, Moçambique e Uganda. Kéré levou ao mundo a sua expressão arquitetônica profundamente enraizada em suas vivências, comunicando a tradição da África Ocidental, especialmente na criação do Pavilhão Serpentine 2017 na Inglaterra. A obra é formada por módulos triangulares na cor índigo, representando a força da sua cultura.
Outros trabalhos significativos são o Xylem no Tippet Rise Art Center (2019, Montana, Estados Unidos), a Léo Doctors’ Housing (2019, Léo, Burkina Faso), Lycée Schorge Secondary School (2016, Koudougou, Burkina Faso), o Parque Nacional do Mali (2010, Bamako, Mali) e a Opera Village (Fase I, 2010, Laongo, Burkina Faso).