Da Europa veio a inspiração para fabricar um piso de cimento 100% ecologicamente correto, lucrativo e sofisticado

Por Marisa Adán Gil – Reportagem da Revista Pequenas Empresas Grande Negócios – Abril/2010

Foi durante uma viagem à Espanha, em janeiro de 1997, que a arquiteta Ana Cristina de Souza Gomes, fez a descoberta que mudaria os rumos de sua vida profissional. Ao subir a escadaria do hotel onde estava hospedada, perto de Bilbao, ela reparou no piso: um curioso revestimento de cimento que não escorregava nem esquentava sob o sol. Decidiu entrar em contato com a fábrica, em Barcelona, e acertou a compra da tecnologia. “Foi muito barato, só US$ 50 mil”, diz.

Cinco meses depois, ela abriu sua primeira fábrica de revestimentos, em Porto Alegre. No ano seguinte, viria a segunda, em São Bernardo do Campo (SP). Desde o começo, Ana se deu conta de que tinha nas mãos um produto ecológico. “Para mim, essa é uma questão fundamental”, diz a empresária de 62 anos. As placas de cimento fabricadas pela Solarium não precisam passar por fornos: em vez disso são colocadas em uma câmar de cura alimentada com energia solar. Não há gasto de energia elétrica nem são expelidos gases poluentes na atmosfera. Além disso, são utilizados materiais recilados na sua composição.

Hoje, a Solarium conta com cinco fábricas em todo o país. Especialista em atender arquitetos, já fez pisos sob encomenda para João Armentano e Sig Bergamin. Em 2009, seus revestimentos foram usados na reforma das 199 lojas do Pão de Açúcar, em São Paulo. Em 2009, a Solarium teve um crescimento de 17%. A unidade com maior expansão foi a de Recife, com 80% de aumento nas vendas – segundo Ana, devido aos novos hotéis da região. Para 2010, sua expectativa é crescer 20%.

Matéria-prima reciclada
Na produção do piso de cimento refratário são utilizados materiais reciclados, como resíduos de pedras nobres: mármore, granito e quartzo. Parte desse material vem embalada em sacos de papel, que depois são vendidos para empresas de reciclagem.

Estrutura ecológica
As fábricas são construídas para obter um aproveitamento máximo de iluminação natural, diminuindo o consumo de luz elétrica. A água da chuva é usada na fabricação de algumas linhas que precisam ser lavada com alta pressão – além disso, é usada para lavagem da fábrica e de equipamentos.

Em defesa das árvores
Alguns revestimentos imitam a natureza: um deles, por exemplo, tem aparência de madeira, substituindo os pisos laminados tradicionais. Dessa maneira, evita-se o corte desnecessário de árvores.